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29 de out. de 2009

MEMÓRIA: usar para não perder



A memória na mitologia

Na mitologia grega, Zeus uniu-se à deusa da memória, Mnemosine, durante nove noites seguidas. Uma ano depois, a deusa deu à luz nove filhas. Elas são as Musas, que inspiravam os poetas e os literatos em geral, os músicos e os dançarinos e, mais tarde, os astrônomos e os filósofos.


A memória não é para ser guardada, mas usada
Se na mitologia grega a deusa da memória, Mnemosine, é filha de Urano(o céu) e de Gaia (a terra), na vida real ela é filha da prática. A memória precisa ser usada, ou seja, exercitada. Do contrário, ela se perde.


Todas as informações usadas no dia-a-dia estão relacionadas à memória. São novos dados que precisam ser guardados apenas por alguns segundo ou para toda a vida e conhecimentos que são recuperados na memória para dar sentido ao que acontece à nossa volta. Saiba como esse processo funciona.


Como arquivamos as informações


Existem duas formas de armazenamento de memória: a de curto prazo e a de logo prazo.


Memória de longo prazo: retém a informação por muito tempo, para ser recuperada depois de anos, décadas ou em qualquer época da vida. Ela é dividida em três tipos.
  • Episódica - relaciona a acontecimentos. É, portanto, de caráter pessoal e situada numa linha de tempo. Exemplos: lembrança da casa de infância ou do perfume de uma antiga namorada(o).

  • Semântica - ligada a conceitos. Conhecimentos aprendidos através da comunicação escrita, verbal ou visual que foram arquivados. Exemplos: a informação de que o canário é um pássaro amarelo.

  • Implícita - relacionada, em geral, a atividades motoras. Nesse caso, a informação é mais facilmente transmitida quando ela é mostrada, em vez de explicada por palavras. Exemplo: ensinar alguém a andar de bicicleta. Mas essa memória também está relacionada ao chamado efeito"priming". Nesse caso, você tem a informação, ela muda o seu comportamento, mas você não tem consciência dela. Exemplos: quando você toma certa atitude, mas diz"não sei por que fiz isso". Ou, então, sem razão aparente, sente uma antipatia por alguém. Esses comportamentos são causados por experiências anteriores, das quais você não se lembra, mas que estão arquivadas na sua memória.

Memória de curto prazo(ou memória de trabalho): retém a informação por um curto período, somente pelo tempo em que ela é necessária à pessoa. Depois, a informação é descartada ou, se for necessário, arquivada na memória de longo prazo. Exemplos: quando você que dizer algo para alguém que no momento está falando, daí você fica guardando aquela informação na cabeça até surgir o momento de falar. Ou então ao memorizar um número de telefone apenas durante o tempo de discagem.

Aprendizado e memória

Todas as pessoas têm estratégias para arquivar e resgatar as informações na memória. Elas são individuais e também variam de acordo com o tipo de informação que se quer guardar- números, nomes, imagens, histórias...

A capacidade de desenvolver estratégias aumenta com a atividade intelectual e com o conhecimento que a pessoa tem daquilo que ela está armazenando. Por isso é mais fácil memorizar informações complexas depois que as básicas foram adquiridas. Aprender trigonometria ou álgebra, por exemplo, pouca gente gosta. Mas a tarefa é simplificada quando se adquirem os conhecimentos matemáticos anteriores.

De elefante ou de galinha?

Existe um diferença notável entre as pessoas no que se refere à capacidade de memorização. Daí as expressões memória de elefante e memória de galinha para quem, respectivamente, tem uma memória muito boa e para quem não se lembra de nada.

Sim ou Não?

A pessoa acaba perdendo a memória de tanto usá-la?

Muito pelo contrário. Não usar a memória é que causa a sua perda. A maior parte dos esquecimentos ocorre pela falta de uso das sinapses, ou seja, das conexões entre as células nervosas que carregam a informação memorizada. Portanto, quanto mais se usa a memória, mais ela é preservada.

Os lapsos são comuns?


Sim, encontrar uma pessoa e não lembrar quem é ela ou falar de um filme e não lembrar o título são situações desconcertantes, porém comuns.

Quem vive reclamando dessas falhas, mas continua convivendo com elas sem problemas, pode estar tendo uma impressão apenas subjetiva de que o problema está aumentando. Na verdade, esses lapsos passam a ser preocupantes quando interferem no cotidiano da pessoa, obrigando-a, por exemplo, a abandonar uma atividade. Daí é preciso partir para uma investigação médica.


Existem formas de treinar a memória?

Sim. Porém, não existe uma receita que funcione para todas as pessoas e também um único método para memorizar qualquer tipo de informação. Fazer palavras cruzadas, como tanto se preconiza, ajuda a memória, sim, mas fazer apenas essa prática não é suficiente. As atividades para treinar a memória devem ser diversificadas. As mais poderosas são:



  1. ler

  2. aprender línguas

  3. praticar jogos de estratégia(xadrez e gamão, por exemplo)
Com o passar dos anos, todo mundo vai perdendo a memória?


Sim. A perda fisiológica de neurônios é algo que acontece, naturalmente, com todo mundo, ao longo da vida. Mas ela não deve interferir na realização das atividades do dia-a-dia. Do contrário, deve-se procurar ajuda médica.

Excesso de informação pode levar à perda de memória?


Sim e isso é mais comum entre as pessoas jovens. As causas de perda de memória variam conforme a idade.

Causas mais comuns em jovens: ansiedade, depressão, abuso de álcool e consumo de drogas em geral, além do excesso de informação.


Causas mais comuns em idosos: depressão, determinados medicamentos, demência(a maioria delas decorrem da doença de Alzheimer), hipotiridismo e doenças vasculares, com AVC(acidente vascular cerebral).

Sem atenção não há memorização?


Exatamente. Sem atenção e concentração, não é possível guardar uma informação e, sem guardá-la, não há como recuperá-la depois.

Esquecer é preciso?


Sim, entre outras razões, para viver melhor. Esquecemos o que não queremos lembrar. É o caso de um filho de alcoólatra que prefere lembrar do pai não como um eterno inconveniente, mas pelas suas qualidades de pai afetuoso e camarada. Ou, então, a necessidade de esquecer episódios ruins, os quais ocorrem em toda relação e todo tipo de ambiente, seja ele o trabalho, a escola ou a casa de um parente.



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