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5 de jul. de 2008

Entendendo as especificações de potência dos amplificadores


É comum vermos amplificadores, equipamentos de som, rádios e muitos outros equipamentos especificados com potência que decididademente eles não fornecem. O que está errado nisso tudo? São as especificações desonestas? É o que veremos nesse artigo de Newton C. Braga colunista da revista Saber Eletrônica.



Uma lâmpada de 100 W é uma lâmpada de 100 W e pronto!
No entanto, os sinais de áudio, como os que obtemos na saída de qualquer circuito amplificador para aplicar a um alto-falante, são diferentes. eles consistem em tensões que variam, resultando, portanto, em correntes que variam constantemente.

É obvio que, se desejamos saber quanta energia esses sinais transportam, ou seja, que flui do amplificador para o alto-falante, devemos encontrar um modo de comparar essa energia ao caso da corrente que circula por uma lâmpada.
Assim, o correto seria verificarmos, em termos comparativos, a que potência esse sinal corresponderia se fosse uma corrente contínua. Ou seja, quanto de calor ele geraria se a carga, em lugar de um alto-falante, fosse um resistor.

Assim, para um amplificador, podemos especificar a potência real ou rms que ele fornece a uma carga simplesmente aplicando um sinal senoidal na sua entrada e verificando que tensão resulta no alto-falante, trabalhando com o valor rms dessa tensão.
Por exemplo, um amplificador que aplica uma tensão senoidal rms de 6 V a um alto-falante de 4 ohms, tem uma potência rms ou real de:
P = V2 /RP = (6 x 6)/4P – 36/4P = 9 Watts
Tentanto Enganar o Comprador
Ocorre que os fabricantes, tentanto fabricar amplificadores mais “potentes” que seus concorrentes, baseados no fato de que a maioria das pessoas pensa que, quanto mais potente, melhor é um equipamento de som, o que é absolutamente falso, resolveram utilizar números maiores para indicar as potências, sem alterá-las, usando alguns artifícios.
Por exemplo, se em lugar de indicarmos a potência rms, partirmos da idéia de que, quando aplicamos um sinal senoidal no amplificador, por uma fração de segundo que seja, ele atinge um pico muito mais alto, podemos usar esse pico para aumentar nossos números.
Assim, em lugar de dizermos que o amplificador tomado como exemplo fornece 9 W de potência rms, podemos “puxar” a potência desse aparelho multiplicando esse valor por 1,4 (1/0,707) e vendê-lo como um aparelho de 12,4 watts!
Ora, para o vendedor e para o comprador, 12,4 W de pico é mais do que 9 W rms, se bem que o aparelho seja absolutamente o mesmo e a potência fornecida também.
Mas, podemos ir além. Como o sinal de áudio tem dois semiciclos, podemos enganar ainda mais o comprador especificando não a potêencia de pico, mas sim pico-a-pico,

Mesmo que o amplificador continue sendo absolutamente o mesmo, agora sua potência de pico-a-pico sobe para 24,8 W, o que certamente é muito mais do que os 9 W originais. Podemos até cobrar mais caro!
Paramos por aqui? Não.
Potência PMPO
Com a finalidade de aumentar ainda mais os números, os fabricantes resolveram partir do seguinte raciocínio a fim de enganar os incautos.Os sinais musicais são muito complexos, havendo casos em que, por milésimos de segundo, eles atingem picos muito altos, por que não especificar a potência do amplificador pela intensidade que esses picos muito curto atingem, Surgiu então a idéia de se indicar a potência de um amplificador em termos de PMPO (Peak Music Power Output).
Bem, qual o critério para se definir quantos watts PMPO tem um amplificador, partindo da potência real? Muito simples: Aplica-se a fórmula abaixo:
Potência PMPO = Potência Real x K
Onde k é uma constante que, segundo um documento bem humorado que encontramos na internet, pode variar entre a raiz quadrada da idade da avó do projetista até o número de calos que o comprador tem, tudo isso expresso em milímetros, polegadas, litros, palmos ou qualquer unidade que resulte no melhor valor para vender o produtoResultado: podemos adotar K = 40 e vender nosso amplificador de 9 W de potência real como um “poderoso” amplificador de 360 W PMPO!
E aí, você pode dizer que o fabricante do equipamento está mentindo? Não, absolutamente. Ele está usando uma unidade absolutamente correta, ainda que seja totalmente arbitrária.
E o coitado do comprador sai feliz da loja com um pequeno amplificador de 9 W, pensando que está “abafando” com seu novo som de 360 W, que logo vai mostrar aos amigos. O problema é que, ao abrir o volume total do aparelho para mostrar a qualidade ele vai verificar que o som já começará a sair distorcido quando a potência chegar aos 9 W, muito menos talvez do que o velho toca-discos valvulado de sua vó que, não tendo 360 W PMPO, com certeza tem uma saída de 25 W rms muito mais pura e, certamente, sem enganação.
Nesse meio tempo o vendedor e o fabricante esfregam as mãos, esperando por um novo comprador que pensa apenas em termos de potência ao procurar por um bom equipamento de som.

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